terça-feira, 22 de março de 2011

Um Apólogo



Machado de Assis


Um Apólogo

Machado de Assis


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!


Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.



http://www.releituras.com/machadodeassis_apologo.asp

quarta-feira, 2 de março de 2011

Analise de texto

Blog legal !

http://www.analisedetextos.com.br/

Webquest

WebQuest (do inglês, demanda da Web) é uma metodologia de pesquisa orientada da Web, em que quase todos os recursos utilizados são provenientes da mesma. Foi proposta pelo Professor Bernie Dodge, da Universidade de São Diego, em 1995, com a participação do seu colaborador, ao tempo, Tom March[1] .
Para desenvolver uma WebQuest é necessário criar um site que pode ser construído com um editor de HTML, serviço de blog ou até mesmo com um editor de texto que possa ser salvo como página da Web.

Uma WebQuest tem a seguinte estrutura:

  • Introdução
  • Tarefa
  • Processo
  • Recursos
  • Avaliação
  • Conclusão

Dado tratar-se de um trabalho essencialmente educativo é frequente acrescentar ainda sugestões e orientações para o professor.

http://pt.wikipedia.org/wiki/WebQuest




Atividades variadas de Língua Portuguesa no link

http://www.webquestbrasil.org/criador/procesa_index_busqueda.php

A lenda do espinheiro




A lenda do espinheiro, talvez já conhecida, nos relata a história de uma menina que amava um espinheiro que havia em seu jardim. Ano após ano, ele ficava carregado de florezinhas, até que, em certa primavera, deu a impressão de que não iria brotar nem florescer.

Quando a criança, decepcionada e triste, estava pensando no espinheiro, veio-lhe à mente uma ideia salvadora: “Vou abraçar firmemente o espinheiro e demonstrar-lhe o meu grande amor; talvez ainda floresça”.

Na manhã seguinte, correu ao jardim e, com seus tenros bracinhos, abraçou o arbusto espinhoso, querendo transmitir-lhe o seu amor, e, beijando-lhes as pontas murchas, dizia: “Querido espinheiro, eu te amo tanto; por favor, floresça de novo!”. Seus bracinhos ficaram feridos e machucados pelos espinhos, mas seu coração — feliz pela expectativa — o amou, aguardando as belas florezinhas vermelhas.

Que surpresa! Certa manhã, a menina veio ao encontro da mãe, jubilosa, exclamando: “Mãe, o espinheiro está florescendo!Amei-o e valeu a pena!”.

De fato, o espinheiro florescia, enchendo a menina de alegria.

Imagino que o estimado leitor esteja dizendo: “Belo demais para ser verdade!”. Mas, sendo uma lenda, será que compreendemos o seu ensinamento?

Não abandonem o seu “espinheiro”! O amor não perde a esperança, não desanima, mesmo quando, aparentemente, não há mais nada a esperar. O amor continua amando, mesmo sendo ferido. Amor que não suporta ser ofendido e ferido não é amor. Amar, mesmo sofrendo e suportando tudo, é o conselho bíblico.

Creia, o seu espinheiro está só com espinhos porque lhe falta o verdadeiro amor. Ame-o de todo o coração, e ele florescerá! Só o amor poderá endireitar a sua situação e o nosso mundo presente!

“[...] Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria” (Jó 32:7).

Fonte: www.ibamemc.com/alendadoespinheiro.doc
http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1539



Atividades

1- Transformar os discursos diretos em discursos indiretos:

2- No primeiro parágrafo :
a- Indique os substantivos:
b- Explique a formação do diminutivo plural florezinhas:

3- No segundo parágrafo :
a- Quais os substantivos correspondentes (mesmo radical)das palavras:
- decepcionada
- triste
- salvadora
- firmemente
- demonstrar
- grande

4 - No terceiro parágrafo:
a- Indique os substantivos abstratos: